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Dia Mundial da luta contra o HIV


Nesta semana da luta contra o HIV, preparei posts que contam a história de pandemias históricas anteriores, os fatores que levaram à disseminação do HIV pelo mundo e aspectos psiquiátricos da doença.

Peste de Atenas (Átila, 430 AC) A peste de Atenas foi narrada por Tucídides, em seu livro "A guerra do Peloponeso". O site traz a descrição da doença:

"No começo do verão, os peloponesos e seus aliados invadiram o território da Ática. (...) Poucos dias depois, sobreveio aos atenienses uma terrível epidemia, a qual atacou primeiro a cidade de Lemos e outros lugares. Jamais se vira em parte alguma açoite semelhante e vítimas tão numerosas; os médicos nada podiam fazer, pois de princípio desconheciam a natureza da enfermidade e além disso foram os primeiros a ter contato com os doentes e morreram em primeiro lugar. A ciência humana mostrou-se incapaz; em vão se elevavam orações nos templos e se dirigiam preces aos oráculos. Finalmente, tudo foi renunciado ante a força da epidemia. (...)

"Em geral, o indivíduo no gozo de perfeita saúde via-se subitamente presa dos seguintes sintomas: sentia em primeiro lugar violenta dor de cabeça; os olhos ficavam vermelhos e inflamados; a língua e a faringe assumiam aspecto sanguinolento; a respiração tornava-se irregular e o hálito fétido. Seguiam-se espirros e rouquidão. Pouco depois a dor se localizava no peito, acompanhada de tosse violenta; quando atingia o estômago, provocava náuseas e vômitos com regurgitação de bile. Quase todos os doentes eram acometidos por crises de soluços e convulsões de intensidade variável de um caso a outro. A pele não se mostrava muito quente ao tato nem também lívida, mas avermelhada e cheia de erupções com o formato de pequenas empolas (pústulas) e feridas. O calor intenso era tão pronunciado que o contato da roupa se tornava intolerável. Os doentes ficavam despidos e somente desejavam atirar-se na água fria, o que muitos faziam...". "A maior parte morria ao cabo de 7 a 9 dias consumida pelo fogo interior. Nos que ultrapassavam aquele termo, o mal descia aos intestinos, provocando ulcerações acompanhadas de diarréia rebelde que os levava à morte por debilidade". (...) "Nenhum temperamento, robusto ou débil, resistiu à enfermidade. Todos adoeciam, qualquer que fosse o regime adotado. O mais grave era o desespero que se apossava da pessoa ao sentir-se atacado: imediatamente perdia a esperança e, em lugar de resistir, entregava-se inteiramente. Contaminavam-se mutuamente e morriam como rebanhos".Rezende (2002), Império Romano (Varíola) ou Peste de Siracusa

"Ocorreu no ano 396 a.C, quando o exército cartaginês sitiou Siracusa, na Itália. A doença surgiu entre os soldados, espalhando-se rapidamente entre eles e dizimou o exército. Manifestava-se inicialmente com sintomas respiratórios, febre, tumefação do pescoço, dores nas costas. A seguir sobrevinham disenteria e erupção pustulosa em toda a superfície do corpo. Os soldados morriam ao fim do quarto ao sexto dia, com delírio e sofrimentos atrozes. O Império Romano foi o grande beneficiário dessa epidemia, vencendo facilmente os invasores. "Rezende (2002): Plutarco (II DC) - Peste Antonina

Rezende (2002) conceitua a peste antonina no seu site: "Assim chamada por ter surgido no século II d.C, quando dirigia o Império Romano o Imperador Marco Aurélio, da linhagem dos antoninos. Causou grande devastação à cidade de Roma e estendeu-se a toda a Itália e à Gália (França). Foi contemporânea de Galeno, que assim descreveu os sintomas apresentados pelos doentes: "Ardor inflamatório nos olhos; vermelhidão sui generis da cavidade bucal e da língua; aversão pelos alimentos; sede inextinguível; temperatura exterior normal, contrastando com a sensação de abrasamento interior; pele avermelhada e úmida; tosse violenta e rouquidão; sinais de flegmásia laringobrônquica; fetidez do hálito; erupção geral de pústulas, seguida de ulcerações; inflamação da mucosa intestinal; vômitos de matérias biliosas; diarréia da mesma natureza, esgotando as forças; gangrenas parciais e separação espontânea dos órgãos mortificados; perturbações variadas das faculdades intelectuais; delírio tranqüilo ou furioso e término funesto do sétimo ao nono dia". Uma das vítimas da peste Antonina foi o próprio Imperador, Marco Aurélio. Os três surtos da Peste Peste negra com origem na China como a maior pandemia de até então.





Séc. XV – Descoberta de novos territórios Populações autóctones (indígenas) dizimadas pelos vírus do homem branco






Sífilis – Transmissão sexual, mãe-filho, implicações morais, impacto sobre os costumes, encerramento de locais públicos e de “mau porte”, rejeição social dos infectados, a mesma gravidade (até certo ponto), principal local difusor (Hispaniola), filogenética (babuínos e gorilas de África) Cólera (sec 19) Deslocações rápidas, movimento de tropas, peregrinações (Meca, Ganges)

Aspectos que antecederam a pandemia de AIDS

A importância de uma certa densidade populacional, o equilíbrio hospedeiro/agente patogénico (Não é proveitoso para o agente a destruição do hospedeiro). Seria impossível nas condições sociais, comportamentais e biológicas de outrora, o progresso em grande escala de um retrovírus tão dependente do comportamento sexual sem:

Mistura de populações

Liberalização dos costumes

Tolerância nos comportamentos

Transfusões sanguíneas

Pandemia da toxicodependência.

História do HIV e da AIDS 1675 Primeira passagem do chimpanzé para o homem 1926-1946 - Transmissão do macaco para o homem 1959 Primeira morte comprovada por SIDA no Congo 1978 Homossexuais (Suécia e EUA) e heterossexuais. (Tanzânia e Haiti) com sinais de AIDS 1981 Comunicação aos CDC de 26 casos de Sarcoma de Kaposi e de 5 casos de Pneumonia por P. Carinii e identificação em homossexuais, “gay cancer” e “gay related immune deficiency” GRID (Poppers, cremes, saunas) 1982 Identificação em Haitianos (hipótese rácica) e toxicodependentes. Descrição da AIDS 1983 Isolamento e identificação do HIV1 (LAV; HTLV III) - Instituto Pasteur. A suspeita sobre o sangue (factores e bancos). A doença dos 4 Hs: Haitianos, homossexuais, hemofílicos, usuários de Heroína 1984 Identificação em transfundidos, filhos de mães infectadas, africanos, heterossexuais. Disponibilidade dos primeiros testes. Robert Gallo descobre o HIV1 1985 FDA aprova o primeiro teste ATC HIV. Obrigatoriedade do rastreio serológico em centros de transfusão (EUA e Japão) 1986 Testes em centros de transfusão na Suiça. Isolamento do HIV2 1987 AZT (zidovudina) – Monoterapia (medicamento) 1988 Trimetrexato (usado no tratamento da pneumonia por P. carinii) PrimeiroWORLD AIDS DAY 1989 Haiti suspende distribuição de sangue contaminado. Pentamidina 1990 DDI (Didanosine, videx). Infectados – 10 milhões 1991 ddC (Zalcitabine hivid) 1992 Benefício do tratamento combinado - Biterapia 1993 Revisão dos critérios de AIDS (novas doenças oportunistas) 1994 D4T stavudine (zerit) 1995 Saquinavir (invirase) e 3TC (epivir, lamivudina). Resolução do caso Gallo vs Pasteur 1996 Nevirapine (viramune), Indinavir (crixivan), Ritonavir (norvir) 1997 CDC – Primeiro caso provável de transmissão pelo beijo. 1998 Abacavir 1999 Amprenavir 2000 Kaletra (lopinavir) 2001 China reconhece epidemia

Características da doença: Doença infecciosa crônica, com evolução de vários anos ou décadas, aspecto variável em cada hospedeiro. Pode ser assintomática com duração de 10 a 12 anos e deterioração progressiva do sistema imunológico com declínio progressivo dos linfócitos T CD4+: ± 50-100/ano Disponibilidade do tratamento eficaz e possivelmente, no futuro breve, curativo. Ausência de vacina Retrovírus da família Retroviridae- Três sub-famílias: Oncovirinae, Spumavirinae, Lentivirinae (Tipo 1 e Tipo 2)




Referências: Rezende (2002). Caminhos da Medicina. As grandes epidemias da história. The History of AIDS LSU Law Center's Medical and Public Health Law Site Gallo RC (2002). Human retroviruses after 20 years: a perspective from the past and prospects for their future control. Immunological reviews, 185, 236-65 PMID: 12190935

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