Paranoia é um processo de pensamento altamente influenciado por ansiedade ou medo, muitas vezes levado a irracionalidade e/ou delírio.
Historicamente Paranoia vem do grego"παράνοια" (paranoia), que significa loucura. O termo era utilizado para descrever doenças mentais nas quais uma crença delirante é a única ou a mais importante característica. Kraepelin utilizou o termo para descrever uma condição delirante sem aparente deterioração da capacidade intelectual e sem outras características de dementia praecox, condição posteriormente denominada esquizofrenia. Na descrição de Kraepelin, a crença não precisava ser persecutória necessariamente para ser classificada como paranoica e qualquer crença delirante poderia ser classificada assim. Phelan et al (2000) relatam que, de acordo com Kraepelin, paranoia e parafrenia são entidades separadas da "dementia praecox", que explicava paranoia como um delírio continuado sistematizado, surgido em idades mais avançadas, sem alucinações ou deterioração, enquanto que parafrenia e uma síndrome idêntica a paranoia, mas com alucinações. Recentemente os medos da sociedade atingiram novos níveis, seja por terrorismo, pandemia, abuso de álcool ou drogas ou alta criminalidade. Novas pesquisas têm revelado que suspeitas são muito mais comum do que previamente se acreditava. Em geral, um terço da população apresenta regularmente suspeição ou pensamentos paranoides. Alguns estudos chegam a apontar que a paranoia pode ser quase tão comum quanto a depressão ou ansiedade, apresentando um espectro de severidade na população, desde pensamentos de suspeição a crença delirante histórica descrita acima.
O que é paranoia?
O termo paranoia cobre um diverso espectro de experiências. O uso mais moderno do termo envolve:
Medo de algo ruim acontecer
Ideia de que outros venham a causar tal evento
A ideia é exagerada ou infundada
Estes medos geralmente contém certos elementos: um perpetrador, um tipo de ameaça e uma razão. Em geral o perpetrador é um vizinho, um estranho, um colega de trabalho ou um familiar. Ocasionalmente pode ser organizações governamentais ou espíritos. Algumas vezes a identidade da pessoa que tenta causar o mal é desconhecida.
Como reconhecer se sua suspeita pode ser irrealista? Abaixo um check-list para ajudar:
Outras pessoas pensam que minhas suspeitas são realistas?
O que meu melhor amigo pensa sobre o assunto?
Já conversei com outros sobre minhas preocupações?
É possível que eu tenha exagerado a ameaça?
Existe evidencia indisputável de que minhas suspeitas são corretas?
Sera que minhas preocupações são baseadas em eventos ambíguos?
As minhas preocupações são baseadas mais em sentimentos do que em evidencias indisputáveis?
É provável que eu seja elevado acima dos outros?
Existe evidência em contrario as minhas suspeitas?
É possível que eu esteja sendo supersensível?
As minhas suspeitas persistem mesmo após outros confirmarem que são infundadas?
A probabilidade de que seus medos sejam fora da realidade aumentam mais se você sente que:
Ninguém mais compartilha suas suspeitas
Não ha evidência indisputável que suporta suas preocupações
Há evidência contra suas suspeitas
É improvável que você tenha sido eleito especialmente para passar essa situação
Seus medos persistem apesar de outros falarem que são infundados
Seus medos são baseados em sentimentos e eventos ambíguos
Pesquisas recentes identificaram cinco principais fatores envolvidos na ocorrência de pensamentos suspeitos. Todos são bastante comuns e a maioria de nós os apresentou em algum momento. O modo como se combinam, porém, é o que causa a paranoia:
Estresse e grandes mudanças no estilo de vida (eventos vitais) - dificuldades no relacionamento com outros em casa, no trabalho ou isolamento social
Emoções negativas como ansiedade e depressão. Quando ansiosos, é comum superestimar o nível de ameaça ou preocuparmos demais. Os sentimentos influenciam grandemente o modo como pensamos.
Sentimentos internos estranhos - estresse pode causar sentimentos estranhos (sentir-se estranho, agitado, ameaçado), assim como insônia. Algumas pessoas podem sentir-se assim após o uso de maconha ou outras drogas.
Sua própria explicação: pensamentos paranoides são nossa forma de tentar entender algo. É perfeitamente natural tentar entender o mundo a nossa volta e os nossos sentimentos internos. Entretanto, quando estamos estressados, sentindo-nos deprimidos, ansiosos ou irritáveis, nossas explicações para fenômenos tendem a ser mais negativas. Pensamos o pior - e muitas vezes o pior das pessoas ao nosso redor. Pode parecer que os sentimentos angustiantes ou estranhos que estamos sentindo são deliberadamente causadas pelos outros.
Lógica (o modo como pensamos as coisas, tomamos decisões e fazemos julgamentos). Geralmente pensamentos de suspeitas podem se tornar poderosos se não pensamos em explicações alternativas para os eventos e não consideramos inteiramente as evidências pró e contra nossas preocupações. Isto é conhecido como chegar a conclusões precipitadas.
Em conclusão, é preciso entender que pensamentos paranoicos são mais comuns do que se pensava e se você procurou este post por estar se sentindo perseguido de alguma forma, não esta sozinho. Lembre-se de fazer o check-list acima e tentar reavaliar a situação sob um outro ponto de vista, balanceando prós e contras antes de chegar a uma conclusão. Se mesmo assim apresenta dificuldade em lidar com a ansiedade e medo, procurar ajuda de um profissional de saúde mental é o próximo passo para melhorar sua qualidade de vida.
Referências:
Freeman, D. Paranoia: the psychology of persecutory delusions. (2004).
Institute of Psychiatry Paranoia
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